quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cegueira humana

(de Luciana Magalhães)


É chocante detectar como as pessoas nas ruas estão individualistas, sem o menor respeito pelo próximo, fico intrigada, e sei que foge a minha alçada, mas começo a imaginar que elas cumprem seus trajetos como se fossem as únicas naquele caminho.
Pessoas com um mínimo de civilidade e educação, possuidoras dos mesmos direitos, trilham esses mesmos caminhos todos os dias podendo esbarrar em um ser infortuno, desses que só enxerga a si mesmo, e correm o risco de vivenciar cenas de violência gratuita.
No trânsito carros enlouquecidos parecem não ter tempo de cumprir deveres básicos, gestos simples de educação e gentileza, fundamentais para o bom desenvolvimento de um conjunto de pessoas dentro de uma sociedade.  Muitas vezes crianças estão acompanhando estas pessoas, vivenciando tudo e sendo impostas aos maus exemplos que  infelizmente ainda contribuem de forma negativa para o bom cumprimento da sua educação.
Indivíduos param seus carros nas calçadas sem a menor preocupação com o pedestre que precisa de um espaço, com um possível carrinho de bebê que por ventura vier a passar por ali, fecham passagens de deficientes ocupando também suas vagas, ultrapassam sinais fechados, fecham cruzamentos, jogam lixo pelas janelas, formam filas triplas, quadruplas e ainda param no meio da rua para conversar ou deixar um passageiro, nos obrigando a esperar pelo seu bom senso, que definitivamente não existe!
Já faz tempo que o tempo virou uma desculpa para não se pedir licença, ceder à vez no trânsito então tornou-se uma dificuldade, todos vivem correndo e ninguém se enxerga; esquece-se de agradecer, de pedir por favor, de dar um bom dia ou boa tarde, sem nem mesmo perceber que o está deixando de fazer.  Pessoas em pleno século XXI, impregnadas e estressadas pelas máquinas, esqueceram completamente do lado humano da vida, do significado das palavras sussurradas ao pé do ouvido sem que haja um celular gravando, de viver uma vida real sem que haja um personagem embutido nela, de possuir uma rotina que só pertence a eles e não a um milhão de pessoas via rede social. Segredos já perderam a graça,  gestos simples se transformam em uma super exposição e em cada possível verdade jogada na rede, pode se esconder uma mentira tão bem feita que é capaz de enganar a si próprio. Quase tudo para chamar a atenção, como em um jogo, ganha quem tem mais seguidores !!
Parece que o mundo não se solidariza mais, não se doa e nem presta atenção em como está lidando com as coisas; ao invés de prestar socorro no caso de incidente, primeiro precisa tirar a foto da situação para colocar na internet. Estamos 24 horas por dia conectados com as máquinas e nem percebemos que estamos desligados de nossa essência humana, desligados das pessoas a nossa volta.
Fazemos parte da geração on line, da juventude que já não conversa mais, apenas se comunica através das máquinas, e se não tomarmos cuidado podemos nos tornar reféns dela. 
Aonde vamos parar? O que vamos fazer quando as máquinas pifarem? Será adequado para tudo depender delas?
Não sou contra a  modernidade, mas vejo com grande preocupação o rumo que as coisas vem tomando, a forma como a tecnologia é usada e o seu consumo desenfreado e cego, principalmente pelas crianças e jovens, que são o futuro do nosso País.
Como estará a vida de meus filhos nos próximos 15 anos? Temo que priorizem as máquinas em  detrimento das Emoções, Sentimentos e Educação. Se isso acontecer haveremos matado a Natureza Humana que vive em cada um de nós.